O que os críticos e espectadores das comédias americanas sempre dizem? Fácil responder: que elas tendem a ser, ou são efetivamente, estilo "água com açúcar", geralmente com finais facilmente decifráveis. Não é o que acontece com este "Amor sem Escalas", filme estadunidense de 2009.
O filme trata de temas interessantes, sob o viés masculino. O principal, sem dúvida, é a solidão. Solidão que é tratada pelo personagem principal, Ryan Bingham, vivido por George Clooney, de forma superficial no início do desenrolar da trama. Ele que é um profissional da arte de demitir pessoas. Profissional que viaja por todo o território americano para fazer cumprir seu papel, sem dó nem piedade das pessoas. E leva esta vida sem se preocupar com o fato de estar sozinho ou de não ter contato familiar. Mas eis que surgem duas mulheres em sua vida: primeiro, Alex, vivida por Vera Farmiga, outra executiva que vive viajando e se envolve com ele; e Natalie (Anna Kendrick), também executiva, só que da mesma empresa de Ryan, que desenvolve uma nova técnica de "demitir" que, a longo prazo, ameaçará o emprego, e as viagens aéreas, do herói principal.
Interessante observar como as duas mulheres começam a fazer diferença na vida de Bingham.
Primeiro, Alex, uma mulher desconhecida, mas que mexe com Bingham, envolvendo-se superficialmente com ele. Superficialidade que não transforma a carência afetiva de Ryan em amor efetivo.
Depois, Natalie, que é uma personagem importante na trama, já que ela é chave na demonstração da influência da tecnologia na vida dos seres humanos - imenso paradoxo do mundo moderno pois, ao mesmo tempo que aproxima as pessoas (pela internet, por exemplo), as afasta do contato real, do contato humano.
Do lado de uma ou de outra, o que se percebe é o conteúdo vazio de algumas relações humanas, e nisso o filme, ou melhor, o roteiro, é implacável e mexe na ferida.
Primeiro, Alex, uma mulher desconhecida, mas que mexe com Bingham, envolvendo-se superficialmente com ele. Superficialidade que não transforma a carência afetiva de Ryan em amor efetivo.
Depois, Natalie, que é uma personagem importante na trama, já que ela é chave na demonstração da influência da tecnologia na vida dos seres humanos - imenso paradoxo do mundo moderno pois, ao mesmo tempo que aproxima as pessoas (pela internet, por exemplo), as afasta do contato real, do contato humano.
Do lado de uma ou de outra, o que se percebe é o conteúdo vazio de algumas relações humanas, e nisso o filme, ou melhor, o roteiro, é implacável e mexe na ferida.
O roteiro é primoroso. Desenvolve-se de maneira brilhante. Mostra, de maneira clara, a solidão do ser humano em suas diversas facetas, sem perder o bom humor e o charme. Não sem razão, ganhou uma indicação ao Oscar e venceu os prêmios BAFTA e Globo de Ouro nesta categoria.
George Clooney tem uma das melhores, senão a melhor, interpretação de sua carreira. Tem o "timing" perfeito do personagem, trabalhando com desenvoltura e sem ser piegas.
Brilhantes também foram as atuações das atrizes da trama - Vera Farmiga e Anna Kendrick. Kendrick consegue ser a mais carismática, fazendo, com charme, o papel de uma executiva que usa e abusa da soberba.
Enfim, uma das boas comédias dos últimos tempos. E o personagem de Clooney é a prova viva de que, nesse mundo, ninguém nasceu para viver sozinho.
Cotação: * * * 1/2
SUCESSO DE BILHETERIA: Sim.
SUCESSO PERANTE O PÚBLICO: Sim.
SUCESSO DE CRÍTICA: Sim.
PRÊMIOS: O filme recebeu uma série de prêmios e indicações.
Teve seis indicações ao Oscar (melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro adaptado, melhor ator para George Clooney, melhor atriz coadjuvante duas vezes - Vera Farmiga e Anna Kendrick), mas não ganhou nenhum.
No Globo de Ouro, ganhou o prêmio de "Melhor Roteiro " (Jason Reitman e Sheldon Turner); foi ainda indicado cinco vezes em mais quatro categorias - Melhor Filme de Drama, Melhor Diretor, Melhor Ator (Clooney) e Melhor Atriz Coadjuvante (Vera Farmiga e Anna Kendrick).
Bafta de "Melhor Roteiro Adaptado".
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