sábado, 2 de fevereiro de 2013

"LINCOLN" ("LINCOLN", 2012)

Ficheiro:Lincoln 2012 Teaser Poster.jpg








O cinema ainda não havia retratado, como deveria, o maior (pelo menos no legado deixado) presidente americano de todos os tempos - Abraham Lincoln, o 16º em uma escala de 44 no total. Parece que Steven Spielberg acerta a mão ao escolher o período crucial da história americana - a Guerra Civil , notadamente no período final (1865) - para revelar os traços e a personalidade deste personagem fabuloso. É o que faz de "Lincoln" um filme importante.

Não é o melhor filme de Spielberg (enquanto diretor, diga-se). Longe de ser. Mas é um "Spielberg" melhor do que ele tem feito nos últimos anos. Em tempo: é o filme do diretor mais aclamado pela crítica mundial desde "O Resgate do Soldado Ryan", de 1998.

A história se concentra na tentativa de aprovação da 13ª Emenda à Constituição dos Estados Unidos, que aboliria a escravidão. Para se conseguir tal aprovação, em meio a um ambiente de guerra entre o Norte (industrializado, favorável à abolição) e o Sul (economia de base agrária, aristocratas, favoráveis à continuidade do regime escravista), Lincoln utiliza-se de todos os argumentos e subterfúgios (alguns não tão nobres, lembrando muitas vezes a corrupção política brasileira).

O filme apresenta, em teoria, um ponto fraco, que certamente dividirá o público em dois: os que adoram  o filme, pela riqueza dos diálogos políticos (tanto a política "mesquinha" quanto a "política-arte") e os que o acham enfadonho, justamente pela mesma razão - o excesso de diálogos.

A grande pergunta do filme é: os fins justificam os meios? Isso porque a democracia na América, ao que parece, foi forjada, pelo menos em parte, através de corrupção política (compra de votos), o que não é salutar. Ainda mais se considerarmos que a revolução social, ou melhor, a evolução social, tem que vir necessariamente na evolução de um pensamento, em conquistas sociais. Mas o fato é que a aprovação  da referida emenda foi a pedra de toque no desenvolvimento americano, que iria se refletir na liderança deste país no mundo em todo o século XX. Ainda que a questão racial só tenha sido resolvida, de verdade, quase cem anos depois, foi essa decisão acerca da "13ª Emenda" que unificou o gigante americano e permitiu as bases para todas as conquistas posteriores.

Mas, falar de Lincoln, é falar de uma liderança inata, madura, consciente, tranquila e, sobretudo, humana. Qualquer imperfeição é perdoada quando se fala em figura tão equilibrada.

A lição que fica do filme é a de que é justa, realmente, a fama do grande presidente.

Vale destacar também seus discursos e, sobretudo, seus "causos". Neles está o grande tesouro do filme e o grande legado de Lincoln. O Presidente Lincoln nunca usou armas - usou sempre o poder das palavras. Aí está a beleza de sua vitória, ainda que tenha sido assassinado cinco dias depois do término da Guerra Civil Americana, que tinha deixado imensas baixas no país.

A atuação de Daniel Day-Lewis, ator que já recebeu dois Oscars na carreira (e está sendo merecidamente indicado para outro neste ano por este papel), é digna de nota. Além de toda a sobriedade dada à interpretação do personagem, sua caracterização como o ex-presidente é perfeita - está simplesmente igual à figura histórica.

O restante do elenco também está soberbo. Verdade que o que mais se vê são homens barbudos discutindo política, mas todos estão bem. A mulher de destaque, Sallly Field, que faz a primeira-dama, está muito bem e concorre, merecidamente, ao Oscar de "Atriz Coadjuvante". Em certos momentos, ela é protagonista ou pelo menos demonstra ser uma companheira especial para o Presidente. Pessoalmente acho a atriz meio histriônica demais, mas desta vez ela se sai bem.

Tommy Lee Jones é, como sempre, um bom ator. No filme, faz o abolicionista radical Thadeus Stevens. Defende o papel, importante por sinal, de maneira irrepreensível. Merecidamente foi indicado ao "Oscar de Melhor Ator Coadjuvante".

Na parte técnica, fotografia e figurino são os pontos altos da película.

Enfim, o espectador não deve esperar ação, romance e emoção para arrebatar o espectador. Deve esperar lições, ensinamentos e uma homenagem a um indivíduo tão importante não só na história dos Estados Unidos, mas na história da humanidade.

Cotação: * * * *

SUCESSO DE BILHETERIA: Sim.

SUCESSO PERANTE O PÚBLICO: Sim, mas há controvérsias. O excesso de diálogos pode tornar o filme enfadonho para alguns espectadores.

SUCESSO DE CRÍTICA: Sim. Aclamado pela crítica mundial, é o filme mais aplaudido pelos "experts" desde "O Resgate do Soldado Ryan", de 1998.

PRÊMIOS

Concorre a 12 Oscars - Filme, Direção, Ator (Daniel Day-Lewis), Ator Coadjuvante (Tommy Lee Jones), Atriz Coadjuvante (Sally Field), Roteiro Adaptado, Montagem, Fotografia, Trilha Sonora, Desenho de Produção, Mixagem de Som, Figurino. 

Ganhou 01 Globo de Ouro - Melhor Ator em Drama, para Daniel Day-Lewis, sendo indicado ainda a outras seis categorias ("Melhor Filme- Drama"; "Melhor Ator Coadjuvante" - Tommy Lee Jones; "Melhor Atriz Coadjuvante" - Sally Field; "Melhor Roteiro", "Melhor Diretor", "Melhor Trilha Sonora").

AFI´S (American Film Institute) Award: "Filme do Ano" (Movie of the Year).

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