domingo, 9 de fevereiro de 2014

"TRAPAÇA" ("AMERICAN HUSTLE", 2013)

File:American Hustle 2013 poster.jpgO grande favorito ao Oscar 2014 não é, definitivamente, um dos meus favoritos, nem como "melhor do ano", nem como um dos "melhores todos os tempos". Mas "Trapaça", a comédia de "golpes" e "falcatruas", parece estar fortemente cativando a Academia.

E muito do fascínio se deve à atuação do quarteto principal de atores - Christian Bale, Amy Adams, Bradley Cooper e Jennifer Lawrence.

A história é simples. Trata-se de dois vigaristas, Irving  (Bale) e Sidney (Adams),  que atuam no mercado vendendo obras de artes falsificadas, além de outros golpes. Certa feita, são surpreendidos por um agente do FBI, que passa então a tê-los sob domínio, e a fazer chantagens. Assim, o policial tenta cumprir seu objetivo de prender políticos sem escrúpulos, armando-se a partir daí novas confusões envolvendo ele e os dois vigaristas.

Não gostei do desenrolar da trama. O filme é arrastado, sem brilho. Enfim, sem uma narrativa que prenda a atenção do espectador. Parece um pouco filme de Scorsese, e acho até que seja mesmo uma homenagem ao diretor americano, mas não tem o mesmo ritmo das obras daquele mestre, a exemplo mesmo de "O Lobo de Wall Street". Alías, o "Lobo" foi lançado na mesma safra de "Trapaça" e nos apresenta também um vigarista profissional, só que no ramo da corretagem. Aqui, em "Trapaça", também há os vigaristas, mas a graça é bem menor. Não se sustenta como uma comédia de humor negro inesquecível.

O ponto positivo do longa é a atuação soberba dos atores principais e coadjuvantes, conforme já ressaltado linhas atrás. Bale está estupendo como Irving; Cooper demonstra a sua evolução como ator encarnando o agente do FBI; Adams como Edith/Sidney (a vigarista usava os dois nomes) está próxima da perfeição; e Jennifer Lawrence, como a histérica e engraçada esposa de Irving, demonstrando mais uma vez a sua ascensão na carreira. 

Outro ponto marcante é a estupenda trilha sonora.

David Russel vem caminhando bem em Hollywood, emplacando mais esse sucesso de crítica e de bilheteria. Embora ainda ache que ele já teve momentos mais felizes, a exemplo de "O Lado Bom da Vida".

Está mais fácil ser um "cult movie" que um "clássico", e assim poderá ser lembrado no futuro. Mas será um marco na carreira de alguns atores, como Bale, Adams, Cooper e Lawrence.


Cotação: * * *

SUCESSO DE BILHETERIA: Sim.

SUCESSO PERANTE O PÚBLICO: Sim, mas há controvérsias.

SUCESSO DE CRÍTICA: Sim.

PRÊMIOS: Vários.

Indicado a 10 Oscars; 

Ganhou 3 Globos de Ouro (Melhor Filme Comédia ou Musical; Melhor Atriz Comédia ou Musical para 
Amy Adams; Melhor Atriz Coadjuvante para  Jennifer Lawrence); 

Indicado a 10 BAFTAs.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

CAPITÃO PHILLIPS (“CAPTAIN PHILLIPS”, 2013)

File:Captain Phillips Poster.jpgTom Hanks estava um pouco sumido dos filmes de sucesso. Reapareceu em uma boa obra de suspense, “Capitão Phillips”, do diretor Paul Greengrass.

E reapareceu em grande estilo. A sua atuação como o capitão que teve seu enorme navio seqüestrado por piratas somalianos é excelente, embora não tenha levado indicação ao Oscar. Talvez por já ser tão premiado, e ter tido outras atuações na carreira tão boas ou melhores que essa. Mas o fato é que o contraponto entre o capitão Phillips e o pirata somaliano Muse, vivido por Barkhad Abdi (esse sim, indicado ao Oscar) é a maior atração do filme.

A situação tensa da região do chamado “Chifre da África” (que engloba, além da Somália, Etiópia, Eritreia e o Djbuti), caracterizada pela fome e miséria, tem nos piratas o seu maior reflexo. Mercenários, e loucos por esse "emprego" (um dos únicos rentáveis naquele país), os piratas somalis seqüestram navios gigantescos com seus pequenos barcos. É essa a situação retratada no filme, com ares de grande veracidade, tudo pela mão competente de Paul Greengrass, o mesmo diretor do excelente filme “Voo United 93”.

Conforme ressaltado acima, o filme tem na atuação de seus dois atores principais o seu ponto mais forte. Barkhad Abdi, vale dizer, é um somali e nunca havia atuado em um filme, o que demonstra ainda mais o seu merecimento pela indicação ao prêmio máximo do cinema. Não deve levar, mas sua atuação é realmente empolgante e marcante.

O filme tem um suspense bastante interessante, embora seja um pouco longo. E isso é um dos pontos fracos da película – muitas cenas poderiam ser eliminadas.  A cena final de Hanks me soou um pouco exagerada e parece ter sido feita somente para justificar uma possível indicação ao Oscar, que não ocorreu.

Mas é uma obra acessível ao grande público e que certamente agradará os amantes da sétima arte.

Cotação: * * * ½

SUCESSO DE BILHETERIA: Sim.

SUCESSO PERANTE O PÚBLICO: Sim.

SUCESSO DE CRÍTICA: Sim.

PRÊMIOS: Ganhou 4 indicações ao Globo de Ouro, mas não levou nenhuma estatueta. 6 indicações ao Oscar 2014 (melhor filme, melhor ator coadjuvante para Barkhad Abdi, melhor roteiro adaptado para Billy Ray, melhor edição, melhor edição de som, melhor mixagem de som).



segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

“A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS” (“THE BOOK THIEF”, 2014).

Ficheiro:A-Menina-que-Roubava-Livros-poster.jpgHollywood tem investido cada vez mais na adaptação de livros de sucesso. “A Menina que Roubava Livros”, história adaptada do livro homônimo do australiano Markus Zusak, é mais um desses filmes.

O longa, ambientado no período do auge, e da derrocada, do regime nazista, conta a história de Liesel, filha de pais adotivos, que resolve aprender a ler da maneira mais inusitada possível – roubando livros, principalmente da biblioteca do Prefeito e de sua esposa. A história perpassa os momentos mais trágicos da guerra, como o bombardeio das cidades alemãs. E a trama se desenrola com esse pano de fundo. Mas o momento crucial é justamente quando um judeu passa a ficar escondido na casa dos pais adotivos de Lisa. De nome Max, é ele que escuta a leitura que a menina faz dos livros roubados. Paralelamente, desenvolve-se uma história de amizade e amor entre a menina e um menino, de nome Rudy (Nico Liersch).

A atuação da jovem Sophiel Nélisse como Liesel é tocante, mas não chega a ser emocionante. Aliás, o filme como um todo não traz esse sentimento de emoção ao público. Talvez a narrativa peque por ser superficial, por apresentar personagens muitas vezes sem o necessário aprofundamento. Um exemplo de personagem fraco é Max; outro, a esposa do Prefeito, que em certo momento compartilha os livros de sua biblioteca com a menina.

A amizade entre Liesel e Max deveria ter sido melhor explorada. Max passa o tempo todo em estado letárgico, sem nenhuma contribuição para o desenrolar da trama. Acorda para ver o bombardeio, e só.

Embora brilhantes, os atores Geoffrey Rush e Emily Watson, como os pais adotivos da menina, também ficaram presos à superficialidade do roteiro, não desenvolvendo seus personagens a contento - ou no nível que o talento dos atores merece.

Por tudo isso, chega-se à conclusão que o filme provoca emoção pequena e instantânea. Ou seja, não ficará na memória dos espectadores. Não gera impacto, nem emoção forte. Apenas uma obra regular. Dizem que o livro é bem melhor. 

Cotação: * * 

SUCESSO DE BILHETERIA: Sim.

SUCESSO PERANTE O PÚBLICO: Sim.

SUCESSO DE CRÍTICA: Não.

PRÊMIOS: Nenhum, por enquanto.